segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

SINTO




alongar-me na vida

sob alguns caminhos obscuros

talvez todos...



Preciso repensar teu ser imaculado

que me tortura nas noites

ainda,



E



tento não ser aquela alma noturna

que lamenta a vida

mas,


São os teus pés caminhando na areia

leves

que me guiam a imaginação frágil

e eu nem quero.





Só consigo morder meus lábios...







Rejane Tach


segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

UM DIA O CANTO DO MUNDO,


O restolho

Gritou!

Já prestes à morte

sem esperanças mais...



Última clemência!


Papéis agitaram-se, mãos habilidosas

e bocas ensaiadas manifestaram-se

em favor de defesas deslumbrantes!


O caos em letras maíusculas salientes

E bem expostas.
















Mas nada...

O que já foi dito e (re) dito

Pateticamente volta a redirecionar

Promessas falsas...


E nós aqui ( verdadeiros idiotas) na espera...



( Às esperas , às filas, àquilo que nunca acontece e estamos ridiculamente cansados de ouvir...)



Rejane Tach

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

...

a chuva que caiu misturou-se
nem sei se
com o suor do meu rosto
ou
com uma lágrima que eu não quis deixar aparecer...



Rejane Tach

domingo, 22 de novembro de 2009

Num lugar









qualquer poderia inserir-me numa pedra

sem violar o sentido da frieza

não falar mais nada

e sufocar

o que tenho em mim



mas você existe

por aí...



Sinto seu cheiro no ar.



Num lugar qualquer eu poderia mergulhar até a morte

sem jamais decifrar porque vim ao mundo

ainda assim o amaria...



Lamento, mas



Meus velhos temas de amor sucumbem

nos cenários reais da minha vida.





Rejane Tach








terça-feira, 17 de novembro de 2009

Sabe...




aquela xícara que te falei, aquela verde. Eu a guardo ainda e de vez em quando olho pra ela. Juro que não sei se sinto mais compaixão dela ou de mim...

Meus rancores joguei fora, mas meu sentir escorrega ainda por aí.



REJANE TACH

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

amigos...




ALUNOS...AMIGOS...ALUNOS...AMIGOS...



Na Universidade tive um professor que dizia que professores tinham que dar aula de humanidade. Sempre pensei, como seria isso; essa tal aula de humanidade! Agora em sala de aula, sei... e daquele ensinamento tirei exemplos que vão perdurar... E digo que, momentos assim, no cinema com meus alunos... Ahh, não tenho palavras... Obrigada Professor de Humanidade.


Rejane Tach

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

PRECISO...






acordar minha alma

causar um arrepio em ti

meu deus...


sugar teu peito até

sentir-me apoderada

dos teus sentimentos...


subverter-te é o que anseio

e nos desenhos que faço na imaginação

existe um céu nosso


mesmo que vermelho...


nunca me canso

de te olhar

através de saudades

e dizer

sou livre para ti...



Rejane Tach

terça-feira, 27 de outubro de 2009

FECON

CÉSAR LUIS - MÚSICO
com a obra SANAS LOUCURAS exposta na FECON

Poema dedicado ao meu tio Hilário, morto em 1973...

Anjos
....de pernas muito estiradas
sonolência e imensidão nas entranhas
um copo vazio num padecimento de noite
Nas curvas do corpo
rasgos vermelhos
choro interno silencioso
o grito que não sai...
a luz amarela dos postes
ilude o céu
e
no cérebro um vago com dor
na brancura da boca uma sede
lateja
uma ária triste dorme na rua...
Rejane Tach


FECON - XIª FEIRA DO CONHECIMENTO

ANGÉLICA SILVA DE MATOS
2º ANO B
FORAM EXPOSTAS AS OBRAS DA ESCRITORA MATO-GROSSENSE MARILZA RIBEIRO.
A ESCRITORA VIVE EM CUIABÁ, É PSICOLOGA E PEDAGOGA.

Da obra MEU GRITO...

Eu amo vocês,
Amigo sem nome,
De rostos sombrios
De olhar de esperança
Que enfrentam batalhas
De morte e de dia,
Sozinhos, valentes
Sem espada e sem lança...

(...)

Eu amo vocês
Heróis sem medalhas,
De rostos marcados
Por dores sentidas...
Meu clamor e meu grito
Lhes ofertam no tempo
Meu olhar, minhas rosas,
Meu beijo, meu hino...
MARILZA RIBEIRO

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

FECON - XIª FEIRA DO CONHECIMENTO


VALORIZANDO A LITERATURA DO MATO GROSSO...
COM CARLA, DIRETORA DA ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR JOÃO BATISTA, APRECIANDO A VIDA É BOA.
Rejane Tach

FECON

CAMILA OLIVEIRA CARVALHO

ESCOLA E. P. JOÃO BATISTA


FEIRA DO CONHECIMENTO - XI ª FECON - DA ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR JOÃO BATISTA.





FORAM ESXPOSTAS OBRAS E POESIAS DO ESCRITOR E MESTRE ROBÉRIO PEREIRA BARRETO.



Há que se resgatar sempre escritos relevantes a educação literária, há que se valorizar palavras ditas e escritas por aqueles que tem algo mais a dizer em prol da comunicação e da poeticidade.




PÉTALAS...



Entre páginas marcas


Com as pétalas da lembrança...


Sinto evapora diante de mim


Seu ser na fragrância da vida.




A cada respirar, seu cheiro


Embrenhando na alma


É como se tivesse aqui.



Ao toca as pétalas ecoa


Delas a perfume tal


Éter exalando voa...



seu corpo em cada pétala


Seu cheiro em cada sorver


da partícula da vida solta no ar.



Simplesmente seu corpo


Aqui está!



Robério Pereira Barreto


05 de agosto de 2009, 17h


quinta-feira, 22 de outubro de 2009

QUANDO...


penso nos teus olhos

sinto de perto o universo

em mim


choro inocente os pecados

em mim guardados...


sou louca eu sei

nada mudará o que existe aqui dentro


o bem que você me fez nunca foi real

eu já disse ...


sou amante do noturno

e nos raios da manhã trilho

momentos só meus

com teus olhos no pensamento...


Rejane Tach

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

VISITA ESTUPENDA!



Os alunos do Ensino Médio e Fundamental da Escola Estadual João Batista foram hoje até o Campus da Unemat de Tangará da Serra para uma visitação que durou cerca de 4 horas. Recepcionados cordialmente por Lucimeire Batista, Vandrea Amaral e Gisela Nicoletti os alunos foram direcionados até a Biblioteca Professor José Américo Andrade. Um dos atendentes falou do acervo e a forma como é utilizado o material naquele espaço de pesquisas e leituras.
Em seguida a Professora Flavia Kraus recepcionou os alunos no CELTS (Centro de Linguagens) ao qual enfatizou a importância das línguas estrangeiras na vida do sujeito e as maneiras diferentes de construir verdades em função das línguas.
No Laboratório de Processos de Cuidar, os alunos receberam explicações de higiene ambulatorial e procedimentos de cuidados com pacientes, enfatizando formas de prevenção de infecções hospitalares. Os alunos de enfermagem salientaram a importância da escolha da área de atuação desse profissional em que o foco está no ser humano.
No Laboratório de Zoologia o professor da área falou das pesquisas teóricas e práticas em que o acadêmico trabalha os grupos de animais. A exposição de animais preservados em álcool chamou atenção dos visitantes, uma cobra viva foi atração principal do laboratório.
O engenheiro responsável pelo Laboratório de Desenho Técnico e Topografia e Construções Rurais apresentou aos alunos as maquetes de celeiros e estábulos bem como a maneira que os mesmos são executados.
A identificação de plantas de várias regiões é feita no Laboratório de Botânica do Campus. Os alunos tiveram a oportunidade de conhecer algumas das coleções de floras que se fundamentam na troca de variedades existentes na região sob a explicação de como acontece tal procedimento.
A ciência que estuda os insetos é a Entomologia. Tudo que está relacionado ao inseto, tanto na sua importância quanto não, foi descrita pelo atendente responsável do Laboratório. As espécies ambientais em mostruários foram expostas com as devidas explicações acerca das descobertas de preservação do meio ambiente.
O Laboratório de Melhoramentos de Plantas e Sementes visa genética e o melhoramento das plantas e sementes frutíferas. As práticas dessa área são realizadas no campo, porém é no laboratório que se realizam estudos teóricos, inclusive o melhoramento genético do maracujazeiro em Mato Grosso. Foi eleito o melhor curso de agronomia mato-grossense, o de Tangará da Serra.
No Laboratório de Fitopatologia, um dos professores responsáveis apresentou doenças de plantas bem como as práticas para análises de curas para as mesmas. Após a identificação das doenças, formas de controle e cura são estudadas minuciosamente. Os alunos conheceram os equipamentos de esterilização ambiental do laboratório.
Em seguida a visitação ao Cento de Pesquisas Laboratoriais, os alunos da Escola João Batista foram conduzidos aos departamentos de Letras, Ciências Contábeis, Administração, Enfermagem, Agronomia e Biologia.

PARABÉNS A UNEMAT PELA RECEPTIVIDADE A NOSSA EQUIPE.

“ ...é importante que alunos e professores conheçam mundos de pesquisas diferenciadas com atividades extra-classe para o enriquecimento da aprendizagem.”
Rejane Tach

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

...


Tomo tua boca

e meu olhar se fecha negro

não preciso mais ver teu rosto

basta que eu sonhe...


e



Te amo noturnamente mórbida

como antes

despindo tua alma

pra ler pensamentos obscuros

teus guardados



se minha dança frenética atinge teu delírio

tua sede pode na minha saliva sugar

momentos

que quero sempre....



Rejane Tach

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

AMO O QUE FAÇO...




Sou professora do Ensino Médio e é com maior orgulho que digo isto...

Considero os meus colegas de trabalho VERDADEIROS HERÓIS! Somos por vezes descriminados com palavras descabidas acerca de capacitações, desconhecimentos e falta de preparo.
Convenhamos... somos sim, todos os dias psicólogos, amigos, pais, companheiros conselheiros, educadores e por fim...PACIENTES!
E afirmo que, a liberdade que se emprega hoje em sala é confundida com libertinagem. LIBERTINAGEM SIM, (isso é culpa de quem?) porque o professor das escolas públicas, além da falta de recursos recebe diariamente alunos que não conhecem seus deveres como cidadãos participantes de um estabelecimento de ensino. Apenas uma minoria reconhece...e cada um sabe onde se insere.

É sabido que, existem professores cansados... E pergunto – cansados de que? Poderíamos enumerar aqui uma lista...

Façamos uma reflexão então, se o ensino vai mal e defasado, qual seria a base para mudanças?

Amo o que faço, e



PARABENIZO MINHA CLASSE COM LETRA MAIÚSCULA, SOMOS HERÓIS SEM RECURSOS MODERNOS E JAMAIS ABANDONAMOS NOSSA LUTA!



Rejane Tach

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

VENCEDORES DO FUTURO!

A revista " VENCEDORES DO FUTURO" foi lançada no Auditório do Centro Cultural de nossa cidade. Alessandro Rodrigues Neves é o idealizador da revista.
A noite maravilhosa contou com a participação de escolas estaduais e municipais, pais de alunos, professores, empresários, escritores, poetas e artistas.
Durante o evento recheado de belos depoimentos, os estudantes participaram do concurso que elegeria o mais eficaz dos discursos, cujas palavras-chaves foram: juventude, educação e vitórias.
Participaram da mesa julgadora o jornalista e professor Dorjival, a locutora Patricia Lima da Serra FM, e eu. (rss)
Os discursos estupendos foram declamados de forma clara, coesos e altamente significativos.
O discurso eleito como ums dos melhores foi do aluno Lucas Alcides, da Escola 13 de Maio. Se bem que, todos foram vencedores pela participação, que na verdade é o que conta...
Parabéns!!!
Rejane Tach

MATO-ME...


se você por acaso me confundir

com ruas desertas, mudas

devoro-me aos poucos e grito sentimentos

de repúdio

se você não lembrar que pulso

pra você...


Ameaço meus pulsos à inércia

se os olhos da noite me abandonarem

dando sumiço ao seu corpo


Ira sagrada! Tempo que não passa,

e

minha súplica demorada

já vai cansada.


... espero mais um pouco

tenho saudade, é isso!


Aparece e me toma fatalmente decidido


ainda estou aqui...



Rejane Tach

domingo, 20 de setembro de 2009

ECO

MALDITA CONFLUÊNCIA! OPOSIÇÃO?
MALUCO AQUELE QUE DISSE:
- QUERER NÃO É PODER
O FEITO REALIZOU-SE
NÃO POSSO, NÃO POSSO, NÃO POSSO...

KARINA JUSTINO

sábado, 29 de agosto de 2009

ACORDEI...




do meu sonho inusitado

com você me observando

o sono...


Sei que posso tocar a lua

só hoje...


rejane tach

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

AGOSTO...



Só consigo chorar
Sob os perfumes de...
São minhas mãos que tremem ainda
Quando digo teu nome
E
Meus segredos são teus
Tão amedrontados
Que silencio pra sempre...

Agosto...

Luar de agosto.


Rejane Tach

terça-feira, 4 de agosto de 2009

...



Pra ver se você vem pra mim
Agora
Invado seus pensamentos e digo
Mais uma vez
Que tenho saudades

Quando sinto a brisa flutuando
Penso que você vem de tão longe
Como nunca veio
E se o sol voltar amanhã
Vou ter um único pensamento
Nas areias da tarde do meu litoral
Buscar devaneios

Longe tudo
Nada e nada...

Eu olhava com você uma direção
E
...

Ouço o balanço da música
E um barulho molhado

Um abraço vazio
E eu aqui como antes...


Rejane Tach

sexta-feira, 31 de julho de 2009

UMA BRISA...


num sorriso esparramado

olhar bonito

passo lento entre as nuvens...


Coração acelerado

mão suaves

pensamentos rápidos

uma ternura gritante


E


num piscar de olhos ela quebra uma xícara!


Rejane Tach

terça-feira, 28 de julho de 2009

...

Imagem de Pollyanna Tach




Tombo na terra fria meu rosto

rasgo meus sentimentos em mil pedaços,



SOL QUE NÃO ME AQUECE!



deixa-me seguir o rumo dos mortais

que migalham ao vento

um sabor de qualquer coisa



POSSO MORRER EM SILÊNCIO!


do jeito que você quer...


Rejane Tach

quinta-feira, 23 de julho de 2009

SOU...


talvez uma brisa suave
quem sabe a ira que vive a intensidade de cada momento
que tenho nas mãos...
Não sei, mas sou o que quero ser...
Rejane Tach

terça-feira, 21 de julho de 2009

A VIDA É BOA...


Os ruídos do meu pensamento vago

acordam para escrever

minhas mãos

são palavras desconexas enfileiradas

que percebo se agruparem...


A imaginação já sólida

irrequieta e demoníaca

ri

sob minha sagrada missão...


Rejane Tach

quarta-feira, 1 de julho de 2009

vivo a intesidade de escrever hoje e sempre...


e,

conto com vocês nesse dia!!!!
Abraços,
Rejane Tach

quarta-feira, 24 de junho de 2009

E...


ando a cantar
Com você sob o sopro do vento
Em nosso canto
Enquanto meu delírio manuseia
Com audácia nossas noites prolongadas

Sou refém desse ato musical
Quem me aplaude é você!

Os sons da madrugada
Tímidos
Envolvem-se em nossa orgia imaculada

Meu alento sussurra comigo!
Sou a sua pele agora...
O amo tanto que quero entrar nos seus olhos
E nunca mais sair
Encantar sua voz e ter para sempre
Sua boca na minha dança...


Rejane Tach


terça-feira, 16 de junho de 2009

...



É para ti minha oferenda
Corpo sadio de máscula beleza!

mas

Tenho pretensões de santidade
Agora
Já tive em ti sonhos de afagos
Persuadida pela tua sedução incomum

Sombreada pela dor me vem uma neblina nos olhos
Te vejo soberbo ainda
E só tenho uma sensação

A de deslizar numa saudade idiota
Que me faz te ofertar
Minha piedade absoluta!


Rejane Tach

segunda-feira, 15 de junho de 2009

ABSORVO

...para mim tuas palavras


sinto-me única


e


não importa o rumo

que elas devam tomar....




Rejane Tach

quarta-feira, 10 de junho de 2009

NAMORAR É BOM... AMAR É SUBLIME...





Ouço os barulhos do meu coração
E grito
Teu nome ao vento
Quando lembro do teu riso lindo
Ameno como as manhãs frescas...

Amo os dedos sublimes de Deus
Que lapidaram tua beleza cálida
Que posso tocar com amor...

É na tua alma que encontro os devaneios
De ser feliz
E choro quando ouço aquela música
Que embalou nosso primeiro beijo

Teu divinal me absorve e concilio meu ser
Em fortaleza no teu abraço
Porque não quero parar de adormecer
Nos teus alentos...

Sinto cada manhã renovar-me
Porque sei
Verei teus olhos brilhando nos meus...

Nas convulsões do teu prazer
Eu me entrego com teu cheiro no meu corpo
E te amo
Como nunca amei ninguém.



Rejane Tach

domingo, 7 de junho de 2009

Tenho no coração o inverno...E atenta ao teu corpo divinal

Curitiba - Imagem de César Luis Chechi







E atenta ao teu corpo divinal
Minha sedução satânica
Se faz sob um véu rústico de meios panos

E quando eu passar por teus anseios
Meus braços serão como galhos secos
Sedentos
Porque não mais sou capaz de amar
Com o calor de outrora...

O inverno pode habitar meu peito
E as flores sem o cheiro dos vivos
Estremecem ressecadas pelo vento
Sem deixar os vestígios...

Atenta ao ermo do teu pudor
Purifico-te sob as sombras
Do meu caminho

E

Ouviremos juntos o estalar das folhas
Sem o abraço de um dia nosso
mas
a essência da solidão.



Rejane Tach

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Nem os ventos frios da morte separam a minha alma da tua...


TUMBAS AO VENTO...


E eu aqui
Solitário verme sem vida
obscuro
Com o silêncio dos vivos n’ alma

Exponho meu denso rumor
Já esquecido por ti
Num lamento de sofreguidão
E a entrega dos meus pequenos pedaços
Que tentei juntar
Sucumbiram nas masmorras
De algum inferno
Aqui...

Quando ainda posso levantar
As mãos para o céu
Evoco
Minha morte latente
Mordendo minha boca branca
E choro alto

Minha ira é meu deus
E me entrego aos buracos sutis
Do escuro sob tumbas ao vento
Aqui...

FREDERICH GEORGE SMMYFTH

sexta-feira, 29 de maio de 2009

NOS FRÊMITOS DO AMOR, OS DEVANEIOS...


em MIRKO, de FRANCISCO BIANCO FILHO
“O céu é pequeno para lhe empanar os devaneios. As árvores são espectros, que lhe antepõem em sarcasmo atroz os vultos negros de suas sombras, como que inibindo de marchar.
A aragem da noite, que, em baloiçando as folhas, lhe afagara antes em murmúrios de amor, infiltram-se n’alma como que vivificar suas tribulações.
As estrelas já se lhe não deparam como séqüito de princesas mas como cadeias de lágrimas ou chamas oscilantes de velas mortuárias no túmulo das ilusões.
Tudo lhe increpa n’alma a desventura, como marcha trepidante de insônias vivas. E vociferando como um louco, contra as aventuras efêmeras, onde ao invés de corações e almas subsistem lábios intumescidos de volúpia e corpos que se comprimem sequiosos de um prazer terreno, galga o viajor a estrada toda.
Aparece-lhe ao longe o suave clarão da fogueira donde partira. As forças o abandonam. Sente jamais podê-la alcançar e exangue tomba a uma moita, solitário e mudo.
Convulso e alucinado, sente gelar-lhe o corpo, ressecando nas veias o vigor e a vida. Surgem as sombras fantásticas dos cordões de Momo. Lindas Colombinas o circundam, por entre flores e luzes, provocando-o aos saltos e às danças exóticas, no esplendor das formas, no meneio dos quadris, na elasticidade dos seios e no fagulhar de uns lábios, como crateras flamejantes de beijos e volúpias. (...)
...E Mirko acorda sobressaltado, na confusão ainda da corrida malfadada, que lhe tumultuara a estrada dos sonhos.”
da Coleção Obras Raras da Literatura Mato-grossense

sábado, 23 de maio de 2009

Que

Imagem de Tiago Jará e Leandro Santos


presença mesquinha senti nas tuas mãos

um céu negro se fez ameno

embora

eu não acreditasse...


Agora aqui vejo de longe

teu sol sem luz

e o meu

a plenitude da transcendência...


Rejane Tach

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Desde que senti tua pele na minha a primeira vez...


com o olhar perdido te encontrei e

em tua boca me torno venturoso


Frêmitos com doce sabor

de desejá-la sempre mais


Com ciúmes até do sol

que doura teu corpo

me entrego as tuas fantasias

para realizar-me também...


Em meu suor te adormeço

para acordá-la com um beijo

indo embora com a noite

e voltando para novamente amá-la...



Para meu amor, minha poetisa, minha vida, meu coração...

Amo, amo, amo...amo...


Carlos Alberto Salles


Eternizo na memória teu doce olhar e meu ser já te pertence...
Rejane Tach

Nos sem versos...



descansei as canções

que pudera eu!

Pensei cantar

mas que nada!


Foi apenas visage

de alguma distante comoção febril

que eu nem conhecia

apenas via


Agora escrevo n'alguma parede branca

o que nem eu entendo


São frêmitos talvez

que sinto nas mãos!


Rejane Tach

domingo, 26 de abril de 2009

lutarei...

incessantemente pela divulgação de poesia enquanto eu puder...

há razões e sonhos que não posso deixar de lado...

há um aqui e agora com amor à escrita diferente...

existem por aí escritores mato-grossenses que não podem ficar escondidos...

e assim será!

Rejane Tach

sexta-feira, 17 de abril de 2009

O LOUCO...



De Gibran Khalil Gibran


Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:
Um dia, muito antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscaras pelas ruas cheia de gente gritando: “ – Ladrões, ladrões, malditos ladrões! “
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa com medo de mim. E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: “ – É um louco!” Olhei para cima para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez a minha face nua.
Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe gritei: “ – Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!”
Assim me tornei louco.
E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.

" ... e quero ser livre nos meus infinitos como você...! "
Rejane Tach


quinta-feira, 16 de abril de 2009

POESIA...POESIA

A SAL (Sociedade Anônima Literária) surgiu em sua versão original na cidade de Goioerê, interior do Paraná e foi reformulada em nossa cidade pelo poeta Celso Júnior. Conta atualmente com a participação das poetisas Rejane Tach, Jennifer Furlan de Sinop, Karina Justino, Dilene Alves Generoso e Robério Barreto de Salvador –Ba, que têm como objetivo tirar do anonimato os poetas regionais divulgando suas obras através de publicações impressas, apresentações, exposições e blog. Os poetas que residem em Tangará da Serra participantes do grupo reúnem-se para discutir os trabalhos em andamento e conversar sobre poesia. Os trabalhos dos participantes serão publicados em folhetim regularmente.Os interessados em participar do grupo podem entrar em contato pelo e-mail: celsotga@gmail.com.

Rejane Tach

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Insanos?

“... há o seu quê de razão na loucura”. Nietzsche



O tratamento de pessoas com problemas mentais até a metade do século XX resumia-se num confinamento em hospital psiquiátrico. ( E hoje...?) As pessoas nessas condições ficavam sem atividades e reclusas em celas minúsculas e sujas. A partir da década de 70 tais métodos desumanos de tratamento vieram a público, e profissionais e médicos da área começaram uma “reforma psiquiátrica”.
Em países desenvolvidos os pacientes mentais são tratados de maneira mais humana visando a ressocialização e não confinamento. Segundo Clarisse Werneck, no Brasil o tratamento dos doentes mentais ainda são inadequados (choques elétricos e sedativos), situação que persiste por falta de fiscalização e de repasses de verba insuficiente.
Em 2004, o Ministério da Saúde lançou um programa de reestruturação de assistência hospitalar aos doentes mentais, cujas metas são a redução do número de leitos psiquiátricos e a ampliação da rede extra-hospitalar. Porém o atendimento está longe do ideal, e o Caps (Centro de Atendimento Psicossocial), ainda não existe em número suficiente para atender a demanda populacional.
O objetivo do Caps é oferecer atendimento a população realizando um acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, fortalecimento de laços familiares e exercícios dos direitos civis.
Para Clarice a sociedade vê o doente mental como uma peça defeituosa, esquecidos e renegados, são pessoas que poderiam se reintegrar a vida em sociedade com seus direitos e deveres, se tivessem claro, uma casa para voltar... no entanto, muitos deles não têm referencial algum no mundo externo ao hospital psiquiátrico.
De acordo com especialistas, na doença mental a intervenção precoce facilita o tratamento e evita o agravamento do problema assim como outras enfermidades. Se o paciente receber terapia, medicação e atendimento psicossocial adequado é possível evitar a esquizofrenia.
Na Grécia antiga, os filósofos Platão e Aristóteles foram os primeiros a elaborar teorias sobre a natureza da alma e seus transtornos. Hipócrates, considerado o pai da medicina sistematizou os conceitos já existentes: manias, histerias, paranóias e melancolias. Foi na Idade Média que portadores de transtornos mentais começaram a ser marginalizados e queimados em fogueiras sob a crença de que estavam possuídos pelo demônio. A partir do século XV asilos começaram a receber portadores de transtornos, prostitutas e vagabundos. A partir do século XVII até o século XX, os asilos foram destinados somente aos “loucos” que ficavam excluídos do convívio social sem nenhum tipo de tratamento. O primeiro asilo psiquiátrico foi fundado em Valência, em 1410 na Espanha.
Segundo a psicóloga Patricia Miranda da Caps, é importante que o paciente além de receber a medicação adequada, esteja inserido na sociedade, trabalhe, estude e conviva com sua família. Para ela é importante que as famílias também recebam apoio e suporte, pois os parentes também ficam cansados e adoecidos. Esse procedimento de apoio evitaria o preconceito e o abandono dos doentes.
O fim das internações psiquiátricas é uma das questões mais polêmicas que envolvem profissionais da área, pois existe o argumento de que o próprio paciente não aceita conviver com a família, ademais famílias estariam aceitando o retorno de seus doentes pelo reforço ao orçamento com mau uso do dinheiro. Outro argumento é de que, a maioria dos moradores de rua apresentam transtornos mentais e que existem casos de extrema necessidade de internação.
O Movimento Antimanicomial teve início na década de 70 com a participação de profissionais da área de saúde mental, doentes e familiares de doentes. Foram reivindicadas amplas reformas psiquiátricas no país, porém ainda sem resultados. Com o processo existe a Lei 10.708 de 2003 que prevê a desativação gradual dos manicômios para aqueles que sofrem de transtornos mentais possam viver livres na sociedade.


Rejane Tach

terça-feira, 14 de abril de 2009

ME AGARRO...


nas sensações do mundo

sob aspectos de dia negro


Nem o sol me sustenta nas brisas

porque vi ontem uma estrela cadente

cruzar meu espaço...


Enquanto meu sorriso largo te procura

teus pés correm em direções contrárias

pra não me ver...


Os lamentos se dividem em meu coração

não mais doce que ontem

mas continuo sendo tua

até outro amanhecer


Posso correr com o vento pra te segurar

e contigo sonhar

mais uma vez...


Rejane Tach


sexta-feira, 10 de abril de 2009

Também no céu...




as folhas amarelas caem das árvores
E
Um escarcéu de nuvens negras
Soltas em mim...

Ainda sofro por amor e permaneço calada
Perambulo nas idéias
Com os cabelos lisos escorrendo pelas costas
Abraço sempre os joelhos...

O tempo voraz não me permite ser humana
Pra olhar o céu crivado de estrelas
E só
Ouvir os barulhos loucos do meu coração
Que pulsa maltratado

Sou criatura criada
Casta
E basta!

Meus assuntos absolutos agora inúteis
Ainda perambulando...

Meu encontro comigo, inefável...
As nuvens negras estão soltas
Ainda...


Rejane Tach

Línguas venenosas...






se agitam

que morram no impacto

de seu próprio veneno!


Rejane Tach

domingo, 5 de abril de 2009

...poderia

dizer bem alto
os meus devaneios
e a ti soluçar mais uma vez

mas
me destruo por dentro
e ouço as vozes de algum além
que sangram perto dos meus ouvidos.

um beijo e nada mais na memória da vida
sou tua
incodicionalmente

um agora esquecido
sobrevoa minha vida...

Rejane Tach

terça-feira, 31 de março de 2009

Só...

...prefiro o silêncio
e
debruçar-me sozinha na imensidão
de mim mesma...

Se tenho nas mãos a candura
vocês não
Se tenho a verdade
vocês a maldade...

Sou única como sempre
uma metade embebida em amor
outra na sinceridade de ser

Compaixão eu sinto agora
por aqueles que amei
nas entrelinhas do universo
confesso
sou inocente!

Rejane Tach

domingo, 29 de março de 2009

Você...

No meu árduo silêncio
sinto sem sentir
tua saliva doce na minha boca sedenta
de ti...

ontem debrucei-me
em tuas letras e,
chorei alto

na minha cama senti
um pudor inalcansável
com braços quentes em mim...

nos meus anseios alucinados te vejo
tão perto
e rasgo calada teu prazer
pra me sentir amada
por ti

não esqueço ...
e amo

Rejane Tach

sábado, 28 de março de 2009

e lembro...

do que nunca tive
porque sou louca

me conveço
me intensifico
me mordo se preciso for...

doloroso amor em mim

?

e um nada logo ali
de saudade
me absorve
em nunca...

porque só sei te amar...

Rejane Tach

E...

te amo submissa
incrédula
e meus medos mudam...

onde está você agora?

onde caminham seus olhos?

por onde olham seus pés?



digo que



Nunca meus olhos choraram tanto


é você

que tanto eu queria


Rejane Tach

segunda-feira, 9 de março de 2009

" SE PUDESSE FAZER MEU MUNDO O FARIA COM VOCÊ..."



Bebo tuas palavras

E minha lágrima muda

Ecoa nos silêncios de mim

Porque guardo os segredos de te amar

Corro alucinada nos dias

Pra te esquecer

Mas nunca...

Com meus santos

Ajoelho-me pra pedir com clemência

E poder te olhar mais uma vez

Como as pipas do céu vou além

Pra te imaginar

pois

Sou espectadora do teu riso

E minha lealdade a ti inabalável

É assim

Eterna...


Por Rejane Tach

sexta-feira, 6 de março de 2009

SOU COMO VOCÊ

... me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte
como uma ventania, depende de quando
e como você me vê passar.

Clarice Lispector



Tua boca tão doce

Sem receio adoça uma boca amarga

Sob as lentes do tempo

Estremece até um coração sem amor...

Tua beleza viaja deslumbrante

Por caminhos de desejos

E com tua soberania ama incondicionalmente

Mesmo sem ser amada

Para ti não há morte amanhã

Mas um eterno sonhar

De auroras desconhecidas e buscas incansáveis

E

com o espírito das aves

pode voar...

Nas têmporas da noite

É no teu colo que os abrigos se completam

Imaturos...maduros...

Desde bonecas e batons

Em ti o mundo se esbarra pequeno

Para te encontrar cada dia mais mulher!


Por Rejane Tach

terça-feira, 3 de março de 2009

CLARO QUE TAMBÉM QUERO UM AMOR MAIOR...


Alguém que divida comigo meus anseios mais profundos com liberdade plena de palavras, sem rancor e medos.

Alguém que possa ( que tenha tempo para isso) compartilhar de momentos bobos pequenos olhando uma formiga atravessando uma calçada, ou quem sabe até alguns pingos de chuva caindo no meu rosto sem ficar com medo de ficar gripado.

Alguém capaz de gargalhar contando uma estória sem fim, no final de um dia exaustivo de trabalho. E que, presenteie meu dia com qualquer florzinha colhida num canteiro de mato.

Alguém que compartilhe comigo o mesmo suor dividindo morangos numa cama perfumada em qualquer dia e hora, e que depois durma em outra cama para roncar a vontade sozinho, pois prefiro pular da minha cama sozinha, ouvindo meu Bocelli em volume bem alto.

Alguém que possa tomar comigo o café da manhã, mas que não queira jantar comigo todos as noites.

Alguém que saiba ouvir meu silêncio quando ele falar mais alto...e, sem palavras de consolo, me deixe chorar sozinha quando eu precisar.

Alguém que jamais se canse de ler minhas poesias em voz alta... e depois dance comigo em frente o espelho.

Alguém que consiga olhar para o céu e através das nuvens ver uma lua prateada imaginado nela o meu rosto...

Alguém que queira voar excedendo o real até alcançar o céu e chorar...

Alguém que consiga transformar momentos pequenos num universo de encantos pueris fazendo qualquer coisa.

Alguém que me diga verdades por mais bestiais que possam ser, inclusive da minha comida...

Alguém que tome banho de chuva comigo para que depois eu possa aquecê-lo embaixo de um velho cobertor, ou que seja outro banho se não puder ser de chuva...

Alguém que consiga se deliciar com leituras numa cama repleta de livros velhos...Ouvindo aquela música que escolhi para nós!

Alguém que não tenha vergonha de gritar meu nome no meio da avenida e dizer que me ama!

Alguém que possa se entregar como uma criança que ganha aquele presente e, me deixe amá-lo sem pudor na despensa ou no tapete da sala.

Alguém a quem eu possa sufocar com beijos e carícias desmedidas por tudo aquilo que esse alguém possa...

O resto...Vem depois...


Rejane Tach


domingo, 1 de março de 2009

QUANDO TEU RISO...



... invade minha janela

Com medo... cheio de conflitos,

Elaboro minhas orgias tenras...abstratas !

Possuo-te abolido da carne...

Tão vivo no meu pensamento!

Uma palavra curta...Um prazer prolongado

E meu suor escorrendo no rosto,

Nas mãos... Lençóis brancos

E tentativas marginais de deitar-me nua em ti...

É minha vontade tua perdição

E me viro do avesso sonhando teu hálito doce

Nas minhas pernas embriagadas...

E

Teu medo me abraça...

Nas minhas orgias abstratas,

Sinta-me!


Por Rejane Tach

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

MEU...




Só quis envolver-me nos teus cabelos

Nus

Sem que te crucificasse o momento

Mas

Te camuflasse a dor sentida

E

Algemada em ti

Ávida, gritar:

--Te amo!

Absurdamente senti sozinha

Frêmitos carnais

Enquanto reclinava o corpo

Ao teu encontro...

E quando caminho pela solidão

Tenho saudades

Do escuro dos teus olhos

E me embalo na cólera de ser ainda mais

Esquecida...

Predestinada ao teu desprezo incomum

Assassinei em mim

O que havia de melhor e

Sem misericórdia cantei maldições

Ao vento...

Prostrada,

Por um minuto

Ergo meus olhos pra isso te dizer

Sob a última gota de mim.


Por Rejane Tach


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

BLOG DO NÚCLEO...

http://nucleodepesquisa.blog.terra.com.br/

A QUE SE DEBRUÇAR NOS MISTÉRIOS DA NOSSA LITERATURA... VALE A PENA...

sábado, 21 de fevereiro de 2009

DO NÚCLEO WLADEMIR DIAS PINO

FEMINILIDADE NA POESIA

DO SÉCULO XIX AO CONTEMPORÂNEO DE MARILZA RIBEIRO

A feminilidade está mais presente atualmente na poesia, e vem com mais ousadia e furor – apesar, claro, de existir ainda um grande recolhimento na escrita feminina por conta do preconceito advindo de um paternalismo descabido não tão longe daqui como se pensa. Analisamos assim desde o século XIX as supostas “ousadias” de poetas que escreveram sem medo seus desejos. Perguntamo-nos então: como produzir uma escrita sem constrangimento em que a mulher pudesse falar de seu corpo e seus anseios sem a fusão do maternal ao qual ela se submete? Segundo Walnice Galvão: “a verdade é que a mulher, e em conseqüência, a poeta, dificilmente consegue usufruir com conforto e expressar sem culpas sua sexualidade envergonhada”. Existe sim, ainda, a vergonha de expor os desejos, falar do corpo, do sexo, sem chocar, sem causar um estranhamento negativo, sob um pensamento retrógrado de que a mulher só poderia escrever ao que de fato pertencia à ela; “a poética feminina parece girar sempre em torno do eixo amoroso” confirma Lucia Castelo Branco. Isso significa dizer que a escrita feminina está ainda muito voltada aos sentimentos de mãe, matrimônio, procriação e amor eterno.
Foi na década de trinta que o sujeito literário se assumiu mais fortemente como mulher, inclusive questionando o padrão dominante da época. E surgiu na poesia o nome de Cecília Meireles (1901–1964), considerada ainda a grande expoente da literatura feminina no Brasil. A escritora rompeu tabus e refletiu através da sua poesia a busca incessante da identidade, e assumiu que é possível escrever o mundo através das palavras de uma mulher. Com um lirismo aguçado e muita sensibilidade, a escritora penetrou nas razões da existência humana e deixou que a voz da mulher viesse à tona.
Porém, bem antes de Cecília Meireles, algumas escritoras agitaram os bastidores literários no século XIX: Julia Lopes, Francisca Julia, Gilka Machado e Florbela Espanca. Precursoras da literatura feminina, no Brasil elas enfrentaram um verdadeiro alvoroço no meio literário.
Em meio a essa trajetória da feminilidade na escrita, faz-se bastante nítida a busca da identidade da mulher como ser que tem voz própria, e não mais se expressa pela voz do masculino. Com tantas rupturas e liberdades, é bem possível que a voz da mulher esteja cada dia mais evidente, absolutamente autêntica, em nossa literatura.
Na década de 70, surge Marilza Ribeiro, poetisa mato-grossense, com uma poesia sensivelmente engajada no social, ou seja, a voz da mulher se faz presente em questionamentos e denúncias. São problemas do cotidiano que Marilza tenta desvendar sobre a condição de ser mulher no contemporâneo em meio a conflitos e buscas.
Nos recortes poéticos da escritora, percebe-se o descontentamento de ser a mulher vista apenas como transeunte da vida. Ela explicita a necessidade de fazer pulsar a vida em sua condição de mulher amada e significativa. A autora reforça bastante a idéia de submissão em suas poesias, porém se faz explícita a voz feminina pelo coletivo. Não se trata de um anseio isolado ou solitário.
Marilza se revela amplamente social e faz da sua poesia instrumento de várias vozes de denúncia e repúdio a dominação. O eu-lírico apesar de se inserir por vezes como mulher, está centrado num todo, não se pode assim dizer unicamente da mulher, mas de todo ser que sofre as mazelas do cotidiano.
A referência da feminilidade em sua poesia é de compromisso com o coletivo, ou seja, a voz da poetisa falando por muitos eus.
Yasmin Nadaf, crítica literária, registra Marilza como uma das principais escritoras contemporâneas com escrita elegante, desabafos e estética ideológica voltada aos eus do mundo, usando recursos metafóricos para significar e reinventar a vida cotidiana do indivíduo reprimido.

Rejane Tach
Estudante da UNEMAT e pesquisadora do Núcleo Wlademir Dias-Pino

criado por dante_gatto 9:45 — Arquivado em

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

....estavam juntas minhas mãos...





Minha face corada

Revela a vontade de teus beijos sensuais

Na boca da noite ardente

Fujo dos meus medos

e te condeno ao pecado

sob uma prece de anseios

Louvores insanos gritam no peito

E um canto suave rasga o silêncio santo

Da minha alma...

Ungido pelas mãos da emoção

Teu corpo em mim

Treme

Sacia tuas vontades na minha ingenuidade

E

Num altar doce te confesso meu desejo

Pra me entregar

Como nunca...

No chão o meu rosário...

Até que a morte nos separe!


Por Rejane Tach