sexta-feira, 29 de maio de 2009

NOS FRÊMITOS DO AMOR, OS DEVANEIOS...


em MIRKO, de FRANCISCO BIANCO FILHO
“O céu é pequeno para lhe empanar os devaneios. As árvores são espectros, que lhe antepõem em sarcasmo atroz os vultos negros de suas sombras, como que inibindo de marchar.
A aragem da noite, que, em baloiçando as folhas, lhe afagara antes em murmúrios de amor, infiltram-se n’alma como que vivificar suas tribulações.
As estrelas já se lhe não deparam como séqüito de princesas mas como cadeias de lágrimas ou chamas oscilantes de velas mortuárias no túmulo das ilusões.
Tudo lhe increpa n’alma a desventura, como marcha trepidante de insônias vivas. E vociferando como um louco, contra as aventuras efêmeras, onde ao invés de corações e almas subsistem lábios intumescidos de volúpia e corpos que se comprimem sequiosos de um prazer terreno, galga o viajor a estrada toda.
Aparece-lhe ao longe o suave clarão da fogueira donde partira. As forças o abandonam. Sente jamais podê-la alcançar e exangue tomba a uma moita, solitário e mudo.
Convulso e alucinado, sente gelar-lhe o corpo, ressecando nas veias o vigor e a vida. Surgem as sombras fantásticas dos cordões de Momo. Lindas Colombinas o circundam, por entre flores e luzes, provocando-o aos saltos e às danças exóticas, no esplendor das formas, no meneio dos quadris, na elasticidade dos seios e no fagulhar de uns lábios, como crateras flamejantes de beijos e volúpias. (...)
...E Mirko acorda sobressaltado, na confusão ainda da corrida malfadada, que lhe tumultuara a estrada dos sonhos.”
da Coleção Obras Raras da Literatura Mato-grossense

sábado, 23 de maio de 2009

Que

Imagem de Tiago Jará e Leandro Santos


presença mesquinha senti nas tuas mãos

um céu negro se fez ameno

embora

eu não acreditasse...


Agora aqui vejo de longe

teu sol sem luz

e o meu

a plenitude da transcendência...


Rejane Tach

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Desde que senti tua pele na minha a primeira vez...


com o olhar perdido te encontrei e

em tua boca me torno venturoso


Frêmitos com doce sabor

de desejá-la sempre mais


Com ciúmes até do sol

que doura teu corpo

me entrego as tuas fantasias

para realizar-me também...


Em meu suor te adormeço

para acordá-la com um beijo

indo embora com a noite

e voltando para novamente amá-la...



Para meu amor, minha poetisa, minha vida, meu coração...

Amo, amo, amo...amo...


Carlos Alberto Salles


Eternizo na memória teu doce olhar e meu ser já te pertence...
Rejane Tach

Nos sem versos...



descansei as canções

que pudera eu!

Pensei cantar

mas que nada!


Foi apenas visage

de alguma distante comoção febril

que eu nem conhecia

apenas via


Agora escrevo n'alguma parede branca

o que nem eu entendo


São frêmitos talvez

que sinto nas mãos!


Rejane Tach