quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

MAS...











num súbito de recordações

vi teu rosto

brando

e como as orgias do mar revolto

senti sangrar meu peito...



Ressurge a saudade

e

nunca tive teu ser... nunca !



Rasgo meu sentimento infernal em mil pedaços

como rasguei poesias



Sou alguém apenas

que passou inexistente pelos teus olhos

e me devoro inconformada até Deus me querer...





No meu parque de rosas nasceram espinhos

e os perfumes são iras



Não posso explicar como, mas minha volúpia inerte

está



Tenho sede de incêndios!



...



mas morri.



Rejane Tach



terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

SEMPRE


quis esmagar uma fileira de formigas

balançar-me nos verdes do vento

saudar a terra e ter no meu corpo o perfume dela





Ascender meu espírito e genuinamente gargalhar

até a exaustão...





Olhar minha sombra na grama talhada livre

representando somas de ser





Tragar nuanças da natureza deslizando nas linhas do chão

e cantar...





Cantar tão alto que só os pássaros pudessem me entender!





Com as gotas do orvalho invisível saciar a sede





Da minha alma solitária





não me lembraria...





E





se pudesse nos acordes do vento deitaria





pra sempre sem ruídos malignos





dormiria.






Rejane Tach
















terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

HOJE








o céu tem rasgos azuis,




sou ingênua quando olho pra ele

os cheiros de hortelã

espalhado nos meus sentimentos

me desapontam...


Posso me sentir um túmulo branco

uma névoa


mas...



dentro do meu peito mora a lascívia

quero beijos ardentes

uma química de inéditos

e tua camisa nas minhas mãos...


Que importa o mundo agora?


se me recordo de todos detalhes do teu corpo



e



é nele que quero morrer


com meus dedos convulsos sentir mais uma vez...



Rejane Tach




terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

EU SOFRIA...

rasgando a fronte com as unhas
e minha consciência tremendo
percorria
meu corpo
eloquência...
Como não morrer assim?
Prematura ilusão?
Não !
Meu sonho desfeito...
Rejane Tach

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

MEU SENTIDO

timidamente tive vontade de beijar tua alma
depois tua boca
e teu corpo todo...
obscuridade
e
minha pretenção aguçada pela tua ousadia
que sempre amei...
leve-me no teu embalo de ...
Rejane Tach

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

VIVO SÓ...







E

me basta o infinito

agora

cerro os olhos

pra não ver a saudade

rastejando do meu lado...




Rejane Tach

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Viver



tornou-se obrigação para o meu corpo depois que fiquei doente. Eu tinha sim a obrigação de viver, de carregar um coração pulsando forte para provar a mim mesmo que eu era capaz de vencer e ficar aqui junto aos meus, sem a doença que me calejava a alma.
Até contava, em um ano fizemos 24 viagens eu e minha mãe. Meu tratamento foi difícil, passei por momentos de extremo desespero em que perdi os sentidos, sem entender o que eu estava vivendo, precisava das minhas forças - que eu desconhecia - mas eu tinha as da minha família que jamais me abandonou. Minha mãe foi a força inabalável que me segurou as mãos nas minhas crises de revolta e medo, ela sentiu comigo todas as dores que senti.
Nunca consegui entender o grau de sacrifício que se precisa para alcançar a plenitude da vida. Mas há batalhas que só a gente vence, e naquele hospital frio a saudade de todos lá de casa me apertava o coração. Durante o dia eu olhava da janela imensa e úmida daquele hospital minha mãe lá em baixo. Eu odiava aquela janela, ela me separava da minha força, dos braços quentes da minha mãe. Eu chorava com as mãos coladas na janela, ela chorava segurando a sacolinha de pães doces que comprava para meu café da manhã. Ela era proibida de entrar naquela ala do hospital que eu estava internado...

Parte da minha próxima obra que conta a história real de alguém que viveu aqui, alguém que sofreu as dores e o preconceito de ter Aids...

Rejane Tach