em MIRKO, de FRANCISCO BIANCO FILHO
“O céu é pequeno para lhe empanar os devaneios. As árvores são espectros, que lhe antepõem em sarcasmo atroz os vultos negros de suas sombras, como que inibindo de marchar.
A aragem da noite, que, em baloiçando as folhas, lhe afagara antes em murmúrios de amor, infiltram-se n’alma como que vivificar suas tribulações.
As estrelas já se lhe não deparam como séqüito de princesas mas como cadeias de lágrimas ou chamas oscilantes de velas mortuárias no túmulo das ilusões.
Tudo lhe increpa n’alma a desventura, como marcha trepidante de insônias vivas. E vociferando como um louco, contra as aventuras efêmeras, onde ao invés de corações e almas subsistem lábios intumescidos de volúpia e corpos que se comprimem sequiosos de um prazer terreno, galga o viajor a estrada toda.
Aparece-lhe ao longe o suave clarão da fogueira donde partira. As forças o abandonam. Sente jamais podê-la alcançar e exangue tomba a uma moita, solitário e mudo.
Convulso e alucinado, sente gelar-lhe o corpo, ressecando nas veias o vigor e a vida. Surgem as sombras fantásticas dos cordões de Momo. Lindas Colombinas o circundam, por entre flores e luzes, provocando-o aos saltos e às danças exóticas, no esplendor das formas, no meneio dos quadris, na elasticidade dos seios e no fagulhar de uns lábios, como crateras flamejantes de beijos e volúpias. (...)
...E Mirko acorda sobressaltado, na confusão ainda da corrida malfadada, que lhe tumultuara a estrada dos sonhos.”
A aragem da noite, que, em baloiçando as folhas, lhe afagara antes em murmúrios de amor, infiltram-se n’alma como que vivificar suas tribulações.
As estrelas já se lhe não deparam como séqüito de princesas mas como cadeias de lágrimas ou chamas oscilantes de velas mortuárias no túmulo das ilusões.
Tudo lhe increpa n’alma a desventura, como marcha trepidante de insônias vivas. E vociferando como um louco, contra as aventuras efêmeras, onde ao invés de corações e almas subsistem lábios intumescidos de volúpia e corpos que se comprimem sequiosos de um prazer terreno, galga o viajor a estrada toda.
Aparece-lhe ao longe o suave clarão da fogueira donde partira. As forças o abandonam. Sente jamais podê-la alcançar e exangue tomba a uma moita, solitário e mudo.
Convulso e alucinado, sente gelar-lhe o corpo, ressecando nas veias o vigor e a vida. Surgem as sombras fantásticas dos cordões de Momo. Lindas Colombinas o circundam, por entre flores e luzes, provocando-o aos saltos e às danças exóticas, no esplendor das formas, no meneio dos quadris, na elasticidade dos seios e no fagulhar de uns lábios, como crateras flamejantes de beijos e volúpias. (...)
...E Mirko acorda sobressaltado, na confusão ainda da corrida malfadada, que lhe tumultuara a estrada dos sonhos.”
da Coleção Obras Raras da Literatura Mato-grossense
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