sexta-feira, 17 de abril de 2009

O LOUCO...



De Gibran Khalil Gibran


Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:
Um dia, muito antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscaras pelas ruas cheia de gente gritando: “ – Ladrões, ladrões, malditos ladrões! “
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa com medo de mim. E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: “ – É um louco!” Olhei para cima para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez a minha face nua.
Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe gritei: “ – Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!”
Assim me tornei louco.
E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.

" ... e quero ser livre nos meus infinitos como você...! "
Rejane Tach


Um comentário:

Dorjival Silva disse...

Parabéns pelo blog. Especialmente por sua bela arte. Beijo deste seu fã e amigo.

Dorjival Silva
www.diariodetangara.blogspot.com