domingo, 25 de abril de 2010

ESTAVA




... eu
no meu dia atribulado, sol escaldante, mil coisas, como sempre...
Preguiça e raiva se fundindo em meio ao alvoroço do trabalho. Eis que num súbito de curiosidade poética ( o que sempre sinto , de minuto em minuto), em ler blogs ... decido! Abro minha caixa de e-mail e me vem aos olhos muitas letrinhas... Ah que letras estupendas do mestre, o KARA, como eu o chamo cá comigo.

Um não... O poema!

Pronto, vai -se o sol escaldante, a raiva, a preguiça, o marasmo, a turbulência...
E leio e releio...

Então compartilho, a sabedoria, sensibilidade, palavras em conexão com alguns cabelos brancos, um coração experiente na vida e nas páginas... No saber intimamente ligado ao pouquinho que nós maduros já sabemos... Amar incondicionalmente sem esvair-se de consciência e grandeza...


Obrigada Professor Dante Gatto, por você existir!








POEMA DE AMOR NA MATURIDADE




O tempo foi desfazendo as feridas

E a vida tomou seu rumo implacável

na hora medida pela fuga.

Manhãs e tardes têm cheiro de papel,

As noites já não são promessas do oriente,

Tenho medo de mim...

O meu quarto escuro e a Bahia de Guanabara

Não emprestam mais diverso sentido

E a morte se acomoda nos meus sonhos mais íntimos

Como uma promessa de eternidade.

No calor das madrugadas mato-grossenses

Tento sentir a resposta dos meus membros cansados,

Mas sinto que já apodreço

Em detrimento do teu amor.

Não me queira mais,

Não me queira mais,

Já que não tenho seiva para florescer na primavera dos teus sonhos.

O meu amor não tem a matéria da fome,

A fome dos homens.

O meu amor tem a leveza de

Uma manhã cinza que deu em chuva

Em que as pessoas saem de casa

Mesmo que inutilmente.

Amo-te com a febre da renúncia,

Amo-te apesar,

Amo-te apenas,

Amo-te simplesmente...

Amo-te com a clareza que só existo

Para morrer no teu destino.




DANTE GATTO







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