Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Dua boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."
Florbela Espanca
Florbela não se intimidou aos críticos literários de 1862 com suas palavras torpes, de que mulheres não poderiam deixar aflorar seus desejos num papel... Que às mulheres caberia tão somente falar de maternidade, amor eterno e matrimônio... Ah pobres homens da nossa literatura!!! Mal sabiam eles o que viria pela frente... Uma Cecília, uma Clarice, uma Marilza, uma Lucinda... e quantas outras mais?
Ufaaa!!! Que bom que Florbela, Francisca, Gilka e a Julia começaram...pra nunca mais parar!!
Rejane Tach